Friday, January 1, 2016


Bastões de aço
 
“Perdoa-me” - disse-me ela com os olhos muito molhados. Era mentira, era mentira o que tinha acabado de me dizer, teria feito tudo igual, eu sei. Ela estava ali, no meio daquela rua solarenga, a falar comigo com um ar arrependido, mas na verdade estava a pensar na razão que a tinha levado até ali: “será que aquelas calças castanhas escuras têm o meu número, têm de ter…” “Não te perdoo, não estás a ser honesta e magoaste-me com bastões de aço”. “Estou a dizer-te a verdade sim, porque te haveria de te mentir? Bastões de aço, sempre foste muito engraçada…” Então, fechei o punho direito e dei-lhe um murro com bastante força na cara: “sim bastões de aço, vários, mas emocionais.” Afastei-me e disse-lhe, enquanto ela olhava para mim incrédula por lhe ter dado um murro: “experimenta isto durante anos e anos e entende que um perdoa-me como o teu ainda magoa mais, tudo o que fizeste foi propositado.”

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