Anselmo
“Está tão escuro Anselmo” -
disse-lhe Maísa. “Esta altura do ano é assim…” - respondeu Anselmo. “Estou a
dizer cá dentro, não se vê nada.” “Eu sei Maísa, tudo doe, doe como espadas
espetando a carne toda!” “Sim, está tudo ferido cá dentro, são feridas gigantes
abertas a uma dor maior” “A uma dor maior Maísa?” “A dor terrível de existir…de
nada ter sentido…de tudo ser tão estúpido.” “Sim, mas as coisas têm sentido…ou
achas que eu não tenho sentido?” “Tens sim, todo o sentido do mundo, mas esta
escuridão flagela as feridas.” “Maísa, apenas te posso ajudar estando do teu
lado, não sei curar feridas.” “Fica Anselmo, contigo fica menos escuro.”
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